terça-feira, 7 de setembro de 2010

...Meu encontro com Marx e Freud...

Este novo e extraordinário livro é a autobiografia intelectual de Erich Fromm, onde o grande psicanalista explica os caminhos que o levaram ao encontro de Freud e Marx, esses dois gigantes do pensamento que – com Einstein – são os grandes arquitetos do mundo moderno.
O solo comum de onde brotou o pensamento de Marx e Freud é, em última análise, o conceito do humanismo e de humanidade que, remontando à tradição judaico-cristã e greco-romana, ingressou na história européia com a Renascença e desdobrou-se plenamente nos séculos XVIII e XIX: a realização do homem total, considerado como a possibilidade máxima do desenvolvimento natural.
A defesa de Freud faz dos direitos dos impulsos naturais do homem, contra a força da convenção social, bem como seu ideal de que a razão controle e contenha esses impulsos, é parte da tradição do humanismo. O protesto de Marx contra uma ordem social na qual o homem é alijado pela sua subserviência à economia, e seu ideal de plena realização do homem total e inalienado, é parte da mesma tradição humanista.
A visão de Freud foi limitada pela sua filosofia mecanicista e materialista, que interpretava as necessidades da natureza humana como essencialmente sexual. A visão de Marx era muito mais ampla, precisamente porque via o efeito pernicioso da sociedade de classes, e pôde assim ter uma visão do que seria o homem sem peias e suas possibilidades de seu desenvolvimento, quando a sociedade se tornasse totalmente humana.
Freud foi um reformador liberal. Marx um revolucionário radical. Embora diferentes, eles tem em comum um desejo incondicional de libertar o homem, uma fé igualmente incondicional na verdade como instrumento dessa libertação e a convicção de que a condição disso está na capacidade do homem romper as cadeias da ilusão.
>>M.H.

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